segunda-feira, setembro 10, 2012

Nossos Caminhos Entre a Chapada Diamantina/BA e Ilhéus/BA


Deixamos o Vale do Capão com saudade daquele lugar especial, bem ansiosos em sentir a brisa do mar, rumávamos ao litoral sul da Bahia. Na primeira noite dormimos próximo a uma estrada de chão, para já pela manhã aguardar carona, pois o Junior havia machucado o joelho e não podia pedalar, passamos o dia aguardando quando no fim da tarde um caminhão carregado de britas nos leva 100 km a frente, passando pelo povoado de guiné ainda na Chapada Diamantina, podemos desfrutar de um visual espetacular das grandes montanhas que circundam o Vale do Paty.


 
Fomos deixados no distrito de Cascavel em Ibicoara/BA, a beira de um posto de gasolina, neste lugar passamos três dias aguardando mais uma carona. A região tem um solo bastante fértil, muito aproveitado por agroindústrias de café, batata, tomate, eucalipto e outras mais. Conhecemos bastante caminhoneiros que nos deram apenas informações, pois  grande parte faziam outros caminhos, diferentes do que queríamos ir. Passamos o dia esperando na estrada e, o que saiu de bom, foram os três quilos de batata frita que ganhamos de uma fábrica próxima. E carona nada. Pela manhã do dia seguinte, conseguimos sair da cidade com um caminhoneiro mineiro que nos deixou em Sussuarana, distrito da cidade de Tanhaço no sertão sul da Bahia. Às margens do Rio de Contas conhecemos o seu Jorge, dono de um restaurante e pousada logo ao lado. Passamos um dia agradável desfrutando a hospitalidade do lugar e, durante a noite fomos à festa que acontecia na praça da localidade para expor nossos trabalhos. Na volta descansamos na pousada que o seu Jorge nos disponibilizou.


Na tarde do dia seguinte partimos em direção a Caetanos/BA, uma pequena cidade no meio do sertão, apenas sendo acessada por estradas de chão. Na primeira noite, no início da estrada de terra, paramos para descansar embaixo d’umbuzeiro, preparamo-nos para encarar a estrada pela manhã.
Logo cedo partimos em direção ao Rio Gavião, que estava no meio do caminho. Foi uma chagada bem difícil pela condição da estrada e por haver necessidade de fazer alguns reparos nas bicicletas. A beira do rio passamos uma tarde descansando e preparando o almoço. As pessoas do local nos ajudaram e contaram fatos da região, como o êxodo de grande parte dos homens que deixam suas famílias durante metade do ano para colher café em Minas Gerais, também nos alertaram da existência de onças na região, as Sussuaranas. Conhecemos até uma cearense que morava no lugar, a qual nos recebeu em sua casa e nos preparou um lanche especial.



Na partida para Caetanos/BA, nos indicaram um vereador que mora no meio do caminho e que poderia nos ajudar. Seguimos o rumo perguntando do vereador, chegando próximo de sua casa com a lua cheia clareando nosso caminho. Tivemos que dormir na estrada, chegando no outro dia pela manhã em Caetanos/BA e tendo a notícia que o vereador estava assustado conosco devido seus vizinhos acharem que o violão carregado nas costas pelo Junior era um rifle e que estávamos indo atrás dele para um acerto de contas. Acabou em muitas risadas no outro dia. Conseguimos através de um diálogo na prefeitura uma carona por um caminho montanhoso em meio às estradas de terra até Bom Jesus da Serra/BA. 


Chegamos à cidade e tivemos logo a notícia de um artesão local que poderia dos receber. Fomos ao seu encontro e tivemos o prazer de conhecer o Vavá! que faz belos trabalhos com barro e que nos acolheu para uma noite gostosa. 



Continuávamos com a caravana pela manhã, em direção a Poções/BA e já nos deparávamos com a transição entre Caatinga e Mata Atlântica, entrávamos em uma região com uma mata mais alta e água abundante. Passamos a noite na cidade e conhecemos uma casa de apoio ao migrante, onde descansamos. Fomos rumo a Nova Canaã/BA, depois de colher informações sobre o trajeto onde encontraríamos rios e nascente próximos a pista, além de 10Km de descida entre montanhas. Chegamos a uma região muito agradável, já na Mata Atlântica, entretanto já bastante degradada para o cultivo do gado. Passamos pelas cidades de Nova Canaã, Iguaí, Ibicuí, Ibicarai, entre outras, cidades já próximas ao litoral com um povo bem simpático e receptivo




Ilhéus já estava perto e sentíamos a brisa do mar. Passamos por Itabuna/BA, ávidos para chegar à praia, 30Km separavam as duas cidades. Partimos pelo fim da tarde e ficamos no meio do caminho, na UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz), conhecemos um pessoal legal que nos acolheu por uma noite antes da chegada em Ilhéus. Chegando ao destino no fim da tarde já para ficar na casa de Wiliam e Nina, dois amigos que conhecemos também na universidade e que nos receberam para duas noites agradáveis.






Álbum:
Chapada Diamantina - Ilhéus/BA
https://picasaweb.google.com/106937694711788467282/ChapadaDiamantinaIheusBA#




Já estamos no Mato Grosso do Sul, rumo ao pantanal...


Agradecimentos...
Em Ribas do Rio Pardo/MS

quinta-feira, agosto 09, 2012

Chapada Diamantina/BA


    Chegamos à cidade de Lençóis/BA, e fomos recebidos no GAL – Grupo Ambientalista de Lençóis, fruto do trabalho do Alexandre. O GAL desenvolve projetos de integração e educação socioambiental focando a conservação do meio ambiente, relevante para formação de uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável. Com projetos em educação ambiental, coleta seletiva e o projeto Sempre Verde, que atua na produção de mudas de árvores nativas e frutíferas para reflorestamento.



     Lençóis é muito agradável, recebe a energia da Chapada e é bastante turística. Possui diversas cachoeiras, poços, trilhas, onde tivemos a oportunidade de conhecer a Cachoeira da Primavera, Cachoeirinha, Serrano, Poço Halley, Ribeirão do Meio, Poço do Rio Mandassaia.



      Depois de curtir e trabalhar muito em Lençóis, partimos em direção ao Vale do Capão, um caminho muito acidentado com várias subidas e descidas. Dormimos a primeira noite na floresta, ao lado da estrada. Logo pela manhã, partimos para mais um dia de pedalada e pelo meio da manhã paramos para descansar e curtir o Rio Mucugezinho. Ele tinha várias cachoeiras, em especial o Poço do Diabo, com sua grande queda d’agua. 


     Na segunda noite na estrada dormimos aos pés do Morro do Pai Inácio, uma noite bem fria com o inverno chegando. Pela manhã fizemos o velho cuscuz e continuamos pelas ladeiras. Tínhamos como meta a cidade de Palmeiras/BA, onde o Vale do Capão se encontra, dentro do distrito de Caeté-açú.



    Saimos do sobe e desce das montanhas e pegamos um trecho plano e seco pra dentro do sertão pra chegar em Palmeiras. Ao anoitecer, já na cidade, buscamos um local com árvores para armar as redes e nos preparar para os 22 km de estrada de chão, sendo 12 km só de subidas. Após o café da manhã demos início à empreitada, um caminho com paisagens espetaculares, rios, morros e cachoeiras. Foi um trecho bem desgastante, mas que vale pelo visual e pela vista da chegada ao vale, recebidos pela Cachoeira do Riachinho e pela exuberante mata, que se distingue da caatinga que se vê na entrada de Palmeiras, essa mata alta é que batiza o local com nome de Capão ou Caeté-açú.


   Chegamos ao anoitecer nos Campos, a parte mais alta do Vale, onde se pode observar um visual panorâmico da região. Entramos com o tempo fechado e uma chuva que se iniciava depois de meses de seca. Fomos surpreendidos por um morador, o Ever, um artesão, que nos acolheu e no dia seguinte nos apresentou o Vale. Em direção à Mata, uma localidade do Vale do Capão, cruzamos com Rafael Planta, companheiro de Drica, ambos permacultores e artistas circenses, amigos de Fortaleza. Na casa deles passamos uma noite agradável, com bastante conversa na fogueira, já que eles iam de visita a Fortaleza no dia seguinte. Aproveitamos e mandamos presentes às nossas famílias.

   Na casa do Planta e da Drica fomos apresentados a Martin, um argentino que também viajava de bicicleta, permacultor e que já está no vale há muitos anos. Tivemos o prazer de ficar na sua casa e trocar experiências sobre bioconstrução, permacultura e aglofloresta. Um grande amigo, uma pessoa que transmite muita paz e bondade, acompanhado de sua esperta filha Cidreira. No dia a dia com Martin desenvolvemos uma série de trabalhos, desde bioconstrução de paredes de taipa, forno e fogão de barro a manejos de agloflorestas.




O vale é rodeado de cachoeiras, então fomos desbravar algumas trilhas: Cachoeira da Purificação, Cachoeira da Fumaça (com mais de 300 metros de altura), Cachoeira da Angélica, e a mais surpreendente, a Cachoeira de Águas Claras, entre o Morrão e o Morro dos Cristais. Para chegar é necessária uma boa orientação, partimos no período da tarde para a trilha, não conseguimos achar o caminho correto, fomos em outra direção, distanciando-se do ponto de orientação que é o Morrão. Como a noite chegava, resolvemos acampar a beira de um riacho. Lá acendemos uma fogueira para recebermos mais tarde uma noite fria e de fortes ventos.





   O Vale do Capão além de suas belezas naturais, é um lugar com um ótimo astral, por isso recebe viajantes, artesãos, artistas e turistas. Possui uma cultura bem agitada, com pessoas de todos os cantos do mundo se apresentando no circo do capão, expondo suas artes na feira de domingo ou se encontrando nas quartas-feiras no cinema na praça.








  Depois de um mês na Chapada Diamantina, sentimos saudades do mar e resolvemos mudar o roteiro, descendo a leste, rumo à Costa do Cacau pra atracar em Ilhéus/BA.

Álbum:
Chapada Diamanina/BA
https://picasaweb.google.com/106937694711788467282


Agradecimentos
GAL - Grupo Ambientalisata de Lençóis - http://www.gal.org.br/
Rafael Planta e Drica
Martin e Cidreira
Ever